Frederico Haikal/Jornal Hoje em Dia
A Polícia Militar voltou a ocupar o conjunto de favelas na segunda-feira
Uma testemunha ouvida nesta quarta-feira (23) pela Polícia Civil mineira complicou ainda mais a situação de quatro policiais militares envolvidos na morte de duas pessoas no Aglomerado da Serra, na região centro-sul de Belo Horizonte. O caso levou a comunidade a promover uma série de protestos e entrar em confronto com as forças de segurança. A testemunha, um adolescente que estava com uma das vítimas momentos antes dela ser baleada, negou a versão oficial da PM, de que os mortos estariam armados e com fardas da corporação.
Segundo a Polícia Militar, o dançarino Jeferson Coelho da Silva, de 17 anos, e seu tio, o auxiliar de enfermagem Renilson Veriano da Silva, de 39, estariam com um grupo de cerca de 20 pessoas, parte delas fardada, que abriu fogo contra uma guarnição na madrugada de sábado, 19. O jovem ouvido ontem, porém, contou que deixou Jeferson na rua, foi para casa e logo depois ouviu tiros. O rapaz negou que o amigo estivesse carregando um uniforme oficial. Uma fonte da Polícia Civil também afirmou ao Estado que a versão oficial "parece não ter fundamento".
Além do adolescente, outras duas pessoas foram ouvidas durante a manhã e a previsão era de que seis pessoas prestassem depoimentos ao longo do dia. Segundo o delegado Fernando Miranda, da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, o objetivo é levantar a vida pregressa das vítimas. Vizinhos e amigos da dupla são unânimes em afirmar que Jeferson e Renilson não tinham envolvimento com crimes e que eles foram executados pelos militares.
O incidente teria sido o motivo da revolta que levou moradores do aglomerado a incendiarem três ônibus após as mortes, promoverem diversos protestos na comunidade durante todo o fim de semana e entrarem em confronto com militares na noite de domingo, 20. A favela, onde vivem cerca de 50 mil pessoas, é a maior da capital mineira. As mortes também levaram a PM a afastar das ruas o sargento e os três
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