Brasil é campeão mundial de crimes contra homossexuais
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da Folha Online
O Brasil tem um triste recorde: é o campeão mundial de crimes contra homossexuais. A informação é do Grupo Gay da Bahia, que coleta informações, pois não há medições precisas sobre morte de homossexuais no mundo, apenas estudos.
Em 2000, 130 gays foram assassinados no país. As estatísticas mostram que nos Estados Unidos, que têm cerca de 250 milhões de habitantes -80 milhões a mais do que o Brasil-, cem pessoas são mortas por este motivo.
"A cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil", disse Luiz Mott, 55, presidente do Grupo Gay da Bahia e professor de antropologia da Universidade Federal da Bahia.
Há 20 anos, o grupo coleta estatísticas sobre os crimes contra homossexuais. Os dados fazem parte de um clipping (coletânea de notícias publicadas na mídia) e de informações passadas por grupos gays de alguns Estados do Brasil e por entidades de direitos humanos do país.
"Isso compete a nós porque não existem no Brasil estatísticas oficiais sobre crimes de ódio. Não há vontade política para contabilizar crimes raciais, contra a mulher e contra os homossexuais", disse Mott.
O chamado crime de ódio -intolerância contra minorias raciais, sexuais, físicas, religiosas ou políticas- caracteriza-se por insulto, destruição do patrimônio, agressão física e assassinato, praticados com requintes de crueldade, como tortura, uso de múltiplos instrumentos e muitos golpes.
"Trabalhamos em causas de discriminação sexual. Registramos a queixa e encaminhamos para que seja julgada", disse Cleyton Chaves, advogado do Grupo Gay da Bahia, que recebe por volta de sete queixas por mês.
Com tanto preconceito e ódio rondando as minorias, Mott acredita na educação sexual, em punições mais rigorosas e na conscientização como forma de mudar esse quadro e tirar o Brasil da primeira posição no ranking de crimes contra os homossexuais.
"A longo alcance, a educação sexual pode ensinar as pessoas a respeitar minorias sexuais, e a justiça deveria ser mais severa na apuração e punição. A conscientização da comunidade homossexual também é importante. As situações de risco devem ser evitadas e as agressões, denunciadas", afirmou Chaves.
O atendimento a homossexuais nas delegacias da mulher seria uma alternativa para aumentar o número de denúncias contra a agressão. Em Sergipe, o atendimento a este público é obrigatório. "Não temos delegacia especial. Queríamos que a delegacia da mulher abrisse o atendimento para todos os discriminados", disse o advogado.
Eventos como a "Parada do Orgulho Gay", que ocorreu no último final de semana em São Paulo, são, na opinião de Mott, uma oportunidade para que a maioria das pessoas se familiarize com a diversidade sexual, aprendendo a desfazer preconceitos por meio da convivência.
"Uma pequena parcela torna-se mais intolerante porque algumas cenas incomodam. Mas as paradas funcionam como uma espécie de baile de debutantes para as pessoas que, pela primeira vez, têm orgulho de estar na multidão", afirmou.
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